Temporada 04 | Episódio 03

Desenvolvendo novas tecnologias por meio de redes de inovação

Em um painel realizado no evento Inside Alana XP 2022,  Marcel Jientara (Alana AI), Marcellus Amadeus (Alana AI), Henrique Otte (Bri) e Lucas Pacheco (Epanel sistemas) discutem como a inovação aberta e os diferentes players externos podem acelerar os projetos técnicos nas empresas.

Desenvolvendo novas tecnologias por meio de redes de inovação

[00:00:02]
Suzana Carvalho: Vamos lá, queridos. CEO também é moda. Esses dias eu vi no Instagram, “CEO de alongamento de unhas”, o ego fala forte. O tema deste nosso painel agora será “Os times de TI das empresas estão cada vez mais conectados aos parceiros externos para resolver os grandes desafios das áreas de negócios”. E como é que a inovação aberta e os diferentes players externos podem acelerar esses projetos técnicos nas empresas? Gostaria de começar perguntando aos senhores para com que a gente consiga beber muito dessa fonte de contribuição, sobre o papel da área de TI, que certamente está mudando muito, onde de um agente interno para um agente externo e cada vez mais conectado ao negócio. Quero saber se vocês estão percebendo se isso de fato, e qual é a motivação técnica em atuar com esses parceiros externos pensando na inovação aberta. Não é obrigatório todos responderem, vamos fazer um bate papo fluído aqui, como já foi Painel Dois. Alguém gostaria de começar? Por favor.

[00:01:28]
Marcellus Amadeus: Eu acho que posso começar. Eu acho que é importante enfatizar que está mudando, porque desafios mudaram também. Então, a área de TI ela também está tendo que se inventar diante de desafios maiores, que envolvem outras tecnologias, especialmente tecnologias como inteligência artificial e a multidisciplinaridade envolvida não só pessoas dentro da empresa, mas também de trazer especialistas em inovação, especialistas em ciência e pesquisa e combinar tudo isso para poder resolver esses desafios estão surgindo. A gente teve um boom da engenharia de software há décadas atrás, que tornou possível todos esses aparelhos, esses temas e apps gente usa hoje. Mas agora combinando isso com inteligência artificial, então o desafio maior, é mais complexo. E aí as disciplinas envolvidas, os conhecimentos envolvidos também acabam sendo mais complexos. E isso exigiu que a integração das empresas e desses centros de inovação fosse necessário para lidar com esses problemas.  

[00:02:44]

Suzana Carvalho: Muito legal, muito obrigada. Alguém mais poderia contribuir?  

[00:02:58]

Henrique Otte: É legal quando você ver por esse lado da tecnologia, eu vou, eu vou passar para vocês uma coisa que a gente fala muito, eu falo muito sobre isso, a gente é muito pragmático, muito pé no chão. Hoje a gente tem muito mais tecnologia do que a gente precisa. Hoje o mundo está muito fácil, tem muita tecnologia, a Alana é o exemplo. O potencial das tecnologias elas estão sendo muito mal aproveitadas e o problema não está na tecnologia, o que a gente vê eu sou eu sou, alguém aqui já preencheu o currículo Lattes? Eu sou um dos causadores dessa desgraça, eu estava lá no começo. E o que é interessante que a gente vem disso? A tecnologia ela sempre permeia a gente, mas o uso da tecnologia, a coisa mais importante que tem, quando ele trabalhava lá, a gente viu isso. Hoje a gente tem tanta tecnologia, hoje você tem tanta disponibilidade. Olha que você está fazendo aqui, tem a tecnologia se entregando, e falando “venha me usar”, por que? Porque o desafio, é como integrar se à tecnologia dentro de um mercado onde as empresas estão desesperadas para acompanhar as mudanças da economia e da mudança de comportamento lá fora. E esse é o grande desafio. Então a tecnologia hoje é commodity, a tecnologia, hoje você tem que saber. Então, vocês estão aqui com esse desafio, aprendam e usem, mas entendam que o grande desafio, especialmente do ponto de vista a gente tem, como é que eu uso isso para transformar o mundo, gerar negócios e melhorar a negócios.

[00:04:33]  

Marcel Jientara: Complementando o que os dois disseram, o time de TI, tecnologia é uma coisa tão insanamente grande quando a gente pensa dessa forma, temos o desafio de se transformar em educadores, são quase evangelistas de tecnologia, é menos papel do time de tecnologia das empresas, programar algo, até porque de fato, existe tanta coisa. Na verdade é uma discussão muito séria que você deve construir, comprar ou contratar, é insano, de você acha que você vai ter um time de tecnologia, e é por isso que é tão importante, acho que a questão da educação das áreas de negócios e integração com times de tecnologia, porque a cada cem professores de negócios tem um professor de tecnologia nas empresas. Então essa é a única forma de trabalhar, essa forma é com a educação das áreas empoderamento, criando ferramentas, trazendo consultores, experts que você não vai ter dentro de casa, uma questão financeira. Às vezes, o que as empresas mais erram a mão é achar que é uma questão financeira. “Vou aplicar uma linha nova de dinheiro, e de repente parabéns contratei cem programadores”, uau, você tem dez mil funcionários, mas você acha que cem programadores vão atender todas as suas demandas em house, como se o que importaria é desenvolver um código e não o uso desse código. Então acho que é um ponto fundamental da área de TI está sendo interessante essa transformação, porque o programador, historicamente ele foi projetado originalmente para ter, eu adoro inclusive, ter seu fone de ouvido, fica isolado aqui, “quero ficar na minha tela” e as habilidades que se exige do time de TI do século XXI, especialmente agora a partir de 2015 aproximadamente, é de gerenciamento, de liderança de pessoas, de integração com os negócios, não é mais a área de negócios versus a área de TI. Então tem uma decisão muito séria e uma questão, uma mudança de comportamento muito, muito intensa, mas já está acontecendo e está sendo bastante interessante observar o quanto que empresas grandes estão envolvidas nessa direção já do construir versus contratar versus comprar, uma forma mais equilibrada com evangelistas.

[00:06:43]

Lucas Pacheco: Eu lembro quando comecei a desenvolver sistemas para web, a gente tem esse jargão da área, que no passado a gente tinha um único servidor e milhares de sites, todos ali. Agora a gente tem um cliente como a Ubisoft, e aí tem que ter um monte de servidor para botar um site no ar e é mega complexo e tem toda uma infra. E assim arrepia pegar clientes como como esse, porque a gente sabe que precisa de um arsenal humano capaz de ir para uma guerra junto para poder garantir as coisas vão ficar de pé, é muito complexo, não é simples, é complexo, dá medo, estraga o sono muitas vezes, as nossas contas dependem de que isso funcione. E o que mais me deixa agoniado assim nessa parte de inovação, não é nem a inovação, ela é obrigatória, é claro, mas é ter que reinventar a roda, redescobrindo o básico que uma galera, já sabe. Eu sou obrigado a contratar um único cara para dar uma consultoria entendeu ou chamar outro PJ, ou outro CLT para dentro da minha companhia para fazer uma coisa que, cara tá lá. Quando o pessoal diz assim “mas aí tem um tutorial é só olhar, tem o vídeo”, cara existe uma diferença gigantesca entre a informação e o conhecimento, quando é na hora de botar em produção, para rodar, para garantir, para prometer para o cliente que vai ficar de pé, não adianta um tutorial, não adianta o vídeo, não adianta o Baidek Book, você tem que ter uma equipe pronta para ir para a porrada, para resolver, o que vai dar, e gente que garanta, que já passou por aquela experiência, que já sabe aquilo, aí a gente consegue garantir. Como que empresas pequenas e médias, por exemplo, podem ter esse time, não dá. Então é preciso inovar na maneira como a gente consegue combinar talentos para poder trazer, não informação, informação tem mais, vai ficar confuso, mas para trazer conhecimento, para trazer sabedoria mais pronta para dentro dos negócios que não precisam ficar desperdiçando essa grana gigantesca, reinventando a roda sobre segurança e gestão de MEIs todo um básico que era para estar lá.

[00:09:00]

Suzana Carvalho: Nós falamos muito da manhã sobre conexão, enquanto vocês estavam falando, eu percebo que tem muita gente ainda que tem uma trava muito grande com a tecnologia, com a inovação, que acho que uma coisa distante, com a inteligência artificial então nem se fala, porque é o grande vilão, é o que vai acabar com o ser humano. E eu tenho falado muito que, muitas vezes, a cancela de um mercado é mais humano do que o caixa do mercado, o cara que está lá entregando aquilo tudo. E isso tudo precisa ser refletido realmente nesse mercado e nessa evolução que a gente busca. Gostaria de saber de vocês agora, de forma mais de negócio, como o que a abordagem dessa inovação aberta, que a gente tem falado aqui desde cedo, pode aumentar o ROE dos projetos de tecnologia? Por favor.  

[00:09:48]

Henrique Otte: Eu vou até pegar o ganho do você que estava falando, teu raciocínio ele é bem legal. Vocês querem, às vezes a gente fala “a empresa comprou uma startup um milhão, dois milhões, cinco milhões”, gente isso aí é troco de cachaça, por que? O quanto que custa fazer isso dentro de casa? Então tem uma conta que eu gosto de fazer, a gente pode fazer junto tá? Eu vou falando para quem tem empresa aqui, que vão concordar com o raciocínio, se discordar também, é só discordar também que faz parte. Em qualquer empresa, qualquer coisa demora seis meses, em qualquer empresa qualquer coisa precisa de uma equipe de quatro a cinco pessoas, vou colocar cinco para ficar uma conta boa. Em qualquer empresa, um especialista em nível médio, custa para a empresa dez mil reais, quando eu falo, “custa para a empresa” para chegar a cinco mil reais no bolso dele, estou falando de um especialista básico da bem mais caro que isso. Então você começa a fazer conta. Você pega um grupo de cinco especialistas, cinquenta mil reais por mês, seis meses, trezentos mil. Então custa trezentos mil para fazer uma inovação? Não. Porque qual que é a chance de sucesso de uma inovação dentro da empresa? Cinco por cento. Então, quando você olha um cenário desse, eu vou fazer a conta mais errada que podia fazer para simplificar que é uma conta linear de um negócio que é estatístico, que é: se é 5%, eu fazer conta burra, multiplica por 20, tá errada com tanta gente não entre nessa não, essa é uma conta, é bem pior. Vinte vezes trezentos mil seis milhões. Essa é a conta da inovação. Então, quando uma empresa ela olha e ver alguém com alguma coisa pronta, ela economizou seis meses e economizou seis milhões. Não é à toa que é muito melhor você contratar de fora, sem falar na imaginação e inovação, a criatividade toda lá. Então já começa por aí, a conta ela se sustenta financeiramente e economicamente, então vão nesse raciocínio, vocês começam a entender qual que é a importância de vocês para esse processo.

[00:11:58]

Suzana Carvalho: Esse é um dos motivos que o CEO da Alana não para, de sorrir nunca? Agora entendi!  

[00:12:08]

Marcel Jientara: Complementando, aí volta de novo a questão de você decidir o que se compra, o que você constrói. De novo, a taxa incerteza, me lembro quando a gente começou a trabalhar com AI, eu e o Marcellus, a gente desenhava em papel, mesmo porque não existia, quando ele começou a projetar, um terço das ferramentas que existem hoje, na verdade minto, não existia nada, hoje em dia de contrata parceiros de muitas áreas, porque a gente não construir cada camada que não é core. Então o mais importante quando a gente fala da questão do porquê da inovação aberta, porque você vai trabalhar com parceiros, primeiro que não é opcional, não é opcional. Seis milhões, na verdade é curioso que as vezes eu provoco um pouquinho mais, cara eu sinto falta da época que a gente falava gente falava que ia entregar algo essa semana, hoje a gente faz a reunião as dez da manhã e fala “não, as dez da noite a gente vai conversar de novo”. Agora, óbvio, eu sou de produto, tem que ser pouco mais flexível, a gente conversa: “não é por trimestre”, você fala “que boring cara, por que ele não volta a fazer?” Porque você vai quebrar, porque não é apenas uma questão de prototipar, é uma questão de confiabilidade. Eu estava almoçando ali e a gente estava falando um pouquinho de sistema de voz para começar a fazer o protótipo, começar a fazer pesquisa [.....00:13:21]. Eu estou falando de processamento de nuvem, que é barato, que não é barato, ao mesmo tempo que também é chanceler, falar “eu vou montar um servidor próprio, minha casa para economizar hospedagem”, conforme inclusive algumas empresas estão fazendo. Então a questão do, mas aí entra de novo, quem é o papel de quem vai fazer essa conexão interna na empresa, é o time de tecnologia? O maior erro de alguns profissionais de tecnologia, CTOs, CIOs, profissionais de tecnologias das empresas muito grande, e eles, portanto, eles controlam um budget muito grande, mas não tem recurso abrangentes, eles controlam muito dinheiro, mas eles não têm equipe, e fora o risco, 5% eu acho que você fez legal ainda, é muito pior, mas não vamos assustar ninguém, é muito pior. Então eles acham que “nossa eu vou contratar cem pessoas” e para áreas não core, se você é uma empresa de Fintech, os Core de Crédito têm que ser seus. Eu vou investir em propriedade intelectual, faz sentido, é um produto, uma funcionalidade core minha, mas você vai investir, eu fico pessoalmente irritado quando vejo vaga de chatbot developer nas empresas. Você está gastando um programador de verdade, programador está em falta, não sei se vocês perceberam, e você está literalmente contratando uma equipe para fazer algo que tem dez mil fornecedores disponibilizando, e se você não quer esses dez mil fornecedores, você pode contratar mil parceiros que podem programar para você aquilo ali e te garantir entregável, e isso é pura falta de foco, muita falta de foco. Então, eu acho que quando se fala de trabalho e parceiros externos, é ótimo porque a força a pensar no que realmente importante para você, o que realmente algo que pode ser dividido com o parceiro e não é opcional, não é opcional. A gente tem discutido muito os [....00:15:10] da Alana nos próximos anos e a nossa provocação é pode captar cem milhões de dólares, não tem como contratar cem mil engenheiros, não têm condições, a gente debate isso muito isso eu e o Marcellus o tempo todo.  

[00:15:26]

Suzana Carvalho: Bom, acho que já foi abordado sobre os prós e contras de atuar dessa forma externa, eu queria entender qual é o limite e como definir o melhor tipo de projeto técnico? Existe uma orientação nesse sentido de atuar de forma mais externa do que interna?  

[00:15:44]

Henrique Otte: Eu vou pegar para continuar o raciocínio dele, tá. Eu sou programador core num nível que poucos hoje existem. Eu estou achando que eu sou um dos mais velhos aqui, é tão interessante ser um dos mais velhos da sala, achei legal à beça. Eu comecei a programa em 1984, eu lembro do Rock in Rio rolando, não estava ocupado nascendo. Em 1985 e quando escutava Rock in Rio, e hoje em dia, então assim, eu programei em tudo o que vocês podem imaginar, desenvolvi coisas que vocês nem. Hoje eu uso Bubble, por que?  É o teu discurso, eu era de uma época que a gente gostava de fazer tudo na mão, eu era chato para burro, o código tinha que ser meu, eu tinha que ter controle. Hoje, hoje o adoro biblioteca dos outros, hoje eu adoro terceirizar as coisas. Hoje, quando o óleo negócio, hoje eu uso o Wordpress, eu tinha abominação ao Wordpress, achava uma coisa de preguiçoso, hoje eu uso Wordpress, uso Bubble, uso tudo, porque pegar o gancho para também não falar muito, que é: eu não estou ligando mais para, a tecnologia tem, você tem uma pancada de fornecedores de tecnologia hoje, a questão é o mais rápido possível resolver o problema de mercado, inclusive está lá nas barreiras da inovação. Se pegar um livro, baita A Bíblia da Inovação do Kotler, ele vai falar lá “ponto sete: Falta de foco no mercado”. Então hoje, para mim, você primeiro resolve o mercado, que a tecnologia você sabe que tem, alguém tem, alguém funciona, e só a gente é só a gente não ser arrogante, e talvez esse seja a maior modificação que teve na minha vida em questão de tecnologia, eu deixei de ser arrogante, de falar o seguinte “não, o meu código não é o melhor do mundo, eu não sou o cara mais inteligente, tem um monte de coisa muito melhor que eu vou usar e resolver o problema do meu cliente”.

[00:17:43]

Suzana Carvalho: Que legal. O que você traz muito quanto as empresas, porque tem, tem que usar, e acaba trazendo um processo burro, a qual chamou de burrocracia. E aí, na mesma proporção, quer mais tempo livre e não percebe que, usando só porque está ali, é que nem CRM, quantas empresas têm CRM e não faz absolutamente nada com aquilo. Quando vou numa loja e perguntam a minha data de nascimento, eu falo “mas tu vai mandar um presente, um aviso de promoção, uma mensagem do WhatsApp”, só para fazer o cadastro e depois tu não vai fazer nunca com aquilo. Então acho que esse pensar fora da caixa, se inovar às vezes é no detalhe que as pessoas não percebem. Adorei a sua colocação, mais alguma contribuição nesse quesito?

[00:18:28]

Marcellus Amadeus: Eu acho que tem um outro ponto importante também, mais fundamental quando se fala do limite dos projetos, isso é uma coisa que eu falo muito quando eu estou palestrando sobre introdução a AI que, inclusive em AI, que é uma coisa nova, tem muita coisa pronta, muita coisa, pacotes, bibliotecas algoritmos, o tempo que você tem que gastar 99% dele está em definir o problema. A tecnologia já existe, então você precisa entender: 1: que você tem, estou falando de AI, os dados que você tem ou falando de tecnologia, os recursos que você tem; e 2: defina o problema, aonde você quer chegar? Quais são os passos? Quais são as pessoas envolvidas? O que você está tentando resolver? Eu acho que essa questão do foco, ela é esse ponto precisamente, o que você está tentando resolver? Porque existem muitas bibliotecas prontas e você pode sair fazendo. Uma coisa que, é um erro que a gente não cometeu na Alana, é fazer tecnologia, por tecnologia, especialmente AI, nossa, você tem coisas infinitas, algoritmos e coisas legais. Mas assim como o problema? Porque o mercado, ele é baseado em soluções, ele não é baseado em tecnologias legais, tecnologias legais morrem. A gente é de São Paulo, cadê os patinetes elétricos? Então teve uma época em São Paulo que se não conseguia mais andar na calçada, só tinha um monte de patinete elétrico, eles não existem mais, então é uma coisa legal, mas ela não soluciona nenhum problema, ela não está refletindo sobre isso. Quando a gente fala em inteligência artificial, a inteligência artificial é uma ferramenta, as ferramentas elas são aplicadas para problemas específicos, você não usa um martelo para parafusar um parafuso. Então, se você gastar mais tempo definindo o problema e tirando vantagem das coisas que já estão prontas, você tem uma prototipação mais rápida, porque é muito do que a gente fazia, é que muita coisa na época não tinha nada, aí tinha que fazer mesmo, mas hoje em dia um projeto de meses ele leva dias se você tiver as ferramentas certas, hoje a gente trabalha com a capacitação dos desenvolvedores, claro, qualidade de código, mas o cara tem que saber que as ferramentas existem, ele saber que os pacotes existem, é muito mais importante, porque isso vai dar escala, isso vai acelerar. A gente fala, por exemplo, hoje a linguagem de programação muito famosa é Python, não é a melhor linguagem, não é a linguagem mais rápida, é a linguagem mais produtiva, porque a gente está falando de solução rápida. Então eu acho que esse ponto de definir o problema, ele é tudo, numa documentação de projetos de tecnologia.

[00:21:33]

Suzana Carvalho: Adorei as suas colocações. Penso que os jovens que estão aqui, estudantes que ainda não estão na área, tem tanto a aprender, isso na sua essência para a sua vida. Eu espero que vocês consigam realmente perceber o quanto isso muda no detalhe. De manhã foi falado sobre o que é a inovação, sobre o que é pensar no problema, você agora reforçou do quanto a gente tem que olhar para o problema. Eu não tenho cabelo, não é doença, nem piolho, foi uma decisão sobre gestão do tempo, por que? Porque todas as mulheres que têm cabelo branco fazem o que? Pinta. E a cada quinze anos, a cada quinze dias da minha vida, para ficar três horas lá, não estava resolvendo a minha vida. Então eu decidi não ter cabelo para pegar essas três horas e fazer outras coisas que vão me trazer os resultados que eu desejo. A questão é que o quanto a gente para, para analisar sobre isso e penso que o que você falou é sobre isso, não é só para quem está na tecnologia, não é para quem está em Startup, é o quanto a gente se apropria disso na hora de uma entrevista de emprego, na hora de apresentar o seu produto ao seu cliente. A tua ideia, é nessa aí que a gente vai aprendendo a criar oportunidades. Ai que maravilhoso é estar aqui, tem mais alguém feliz está aqui? Estejam a gente depois do almoço o sono vem. Muito bem, desculpe, você fala algo sobre esse tema? Fica à vontade.

[00:22:56]

Marcel Jientara: Vou complementar na verdade, eu acho que muito estudante aqui, muita galera entrando em tecnologia. A gente está discutindo aqui, é óbvio que é importante aprender a programar, aprender uma linguagem, se aprofundar, mas a gente está discutindo aqui análises de requisitos, papel do PO, o papel de quem levanta a gestão do projeto como um todo, a necessidade, eu e o Marcellus a gente trabalha muito bem, porque na verdade eu passo a maior parte do meu tempo discutindo “o que” não “como”, “o como” na verdade, eu estou pouquíssimo interessado, eu não ligo, na verdade. Discute estrategicamente como fazer, mas estou muito interessado no “o que” e se esse “o que” vale a pena esperar tempo suficiente para depois porque é um pouco imprevisível. Mesmo no nosso time de P&D,  a gente faz pesquisa aplicada, não pesquisa básica, faz um percentual muito pequeno de pesquisa básica, então a pesquisa aplicada é a gente entender o que está acontecendo no mundo, não vamos reinventar a roda, no começo naturalmente a gente teve que reinventar a roda, muita coisa não tinha, mas hoje em dia e cada dia mais eu era da linha, Wordpress esquece, Webflow. Esses dias a minha esposa chegou e fez uma arte para o Petshop dela, “que linda, contratou um designer?”, “não, fiz no Canva”, eu falei “como assim, está excelente isso daqui”, o que é insano, se for pensar em dez anos. Então eu acho que para a galera está aprendendo aqui a minha maior preocupação, com profissional mais de produto, que é um profissional um pouquinho mais multidisciplinar e os times de TI nas empresas são profissionais de produto das empresas, já que não tem produto, tem negócios. Então o TI acabou absorvendo de certa forma a necessidade de produto, entender que design é tecnologia, UX é tecnologia e pensar antes da interface, não estou falando do UX, a telinha bonitinha, também não estou interessado, eu estou querendo discutir aqui, para que existe a tela? Qual que é a finalidade? Qual o problema real cada resolve? E se esse mercado, esse problema é grande o suficiente para você gastar dois anos de investimento tecnológico, porque é o necessário, vai demorar, vai dar dor de cabeça, vai quebrar, e se essa dor é grande o suficiente para que o mercado espere e pague o suficiente pelo risco. Porque não adianta você fazer dois anos para pegar os 6 milhões de reais de volta, não faz o menor sentido. Então, a provocação que promove os times de TI que estão nascendo, e nas empresas atuais, que exista necessidade de um projeto de TI estratégico, o profissional de TI como evangelista, como um conector para ele realmente faz um papel de falar “opa, sério que a gente tem quatrocentos apps aqui na empresa, e você querendo montar mais um interno?” Insano.  Alguém tem que levantar a mão, e aí que é obviamente uma mudança cultural muito forte, até porque o time de TI nas empresas foram, parece obra de infraestrutura às vezes governamental, abandonados né, os Investimentos nos times de TI são irrisórios comparado ao faturamento das empresas, é um percentual muito pequeno mesmo, de companhias, a cada mil funcionários com times de dez, quinze pessoas que na verdade eles foram projetados para cuidar das impressoras, facilities, eles não foram projetados para desenvolver softwares, e aí de repente em dez anos e são obrigados a lidar com budget de vinte, quarenta, cinquenta milhões reais e distribuir para fornecedor sem discernimento nenhum, porque ele não teve esse treinamento. Então acho que o grande desafio aí da galera que está aprendendo cada vez mais, aprender gestão de projetos, gestão de produto, o porquê, mesmo em AI, o nosso maior desafio é: “por que nós estamos fazendo isso?” e se a AI de fato vai ser capaz de chegar naquele estágio com a tecnologia que existe hoje ou que ele vai poder avançar um pouquinho, mas a gente não vai poder avançar quarenta anos de evolução tecnológica, a tecnologia é lenta, vai demorar um pouquinho tudo. Vocês não vão ver O Exterminador do Futuro, vocês vão morrer e não vão ver, a questão da robótica com AI não vai funcionar tão cedo, é outro bicho. Então eu acho que a provocação aqui a gente aprender habilidades diferentes, porque se não a gente fica pensando só em programar, ninguém está falando aqui que o importante é sair programando “como que eu programo sem Linhas de código por segundo”, isso é muito legal nos filmes, mas totalmente pouco prático na empresa.  

[00:27:01]

Suzana Carvalho: Marcel e que baita desafiador pensar que a gente está falando para uma era fast . Ele já falou lá né, que seis meses é no mínimo para resolver e tem gente que em dois meses de empresas já está agoniado, se coçando, falando “será que vai dar certo aqui, será que não vou tentar uma outra coisa?”, é um desafio ainda maior para essa área, inclusive.

[00:27:22]

Marcel Jientara: Eu falei isso para o Marcellus, eu sou o cara mais agitado do mundo, eu quero tudo para ontem, obviamente, meu papel é esse. Mas tem um ponto que é muito importante em tecnologia, que é ter mais que coragem, é ter paciência para você continuar na consistência, no caminho certo, é muito fácil você abandonar, muito fácil, é muito você abandonar depois de três meses, as pessoas às vezes perguntam “ah, o que estão fazendo diferentes de cinco anos para cá para dar certo?”, a gente está fazendo exatamente a mesma coisa a cinco anos. Na verdade, muito mais que isso, é consistência ao longo do tempo. Então a questão de ter paciência não é o que aprendi porque eu evolui “nossa evoluiu”, é assim não funciona. Então, tem muita empresa que quer fazer projetos gigantescos em um ano, seis meses, não fez a vida inteira faz vinte anos que está atrasado o negócio, mas não pode esperar dois anos para fazer direito, e fazer direito é muito importante em tecnologia, se você tem um sistema bancário está lidando com dinheiro das pessoas, se você é um E-commerce você vai perder dinheiro se você fizer porca a parte tecnológica, simplesmente você de um jeito ou de outro, vai perder dinheiro. Então tem uma questão de paciência, óbvio eu mesmo, o Marcellus provavelmente vai usar isso contra mim nas reuniões de planejamento, mas eu mesmo estou envolvido bastante essa parte de paciência.  

[00:28:31]

Lucas Pacheco: Tem um cenário assim que a gente vê, então fica bem complexo para fazer a operação, é tudo muito, muda muito rápido, e daí a gente quer, tipo claro vamos inovar, vamos sair da vanguarda, vamos trocar informação com times, agora assim, leva quarenta anos para sair daquele “como” e entrar no “porque”, a gente percebe que daí  ah não a solução, apesar de ser agoniado, ela passa por ter paciência. Então, a gente vê que tem uma dinâmica que onde tem maturidade é mais possível olhar para o valor e menos para os meios sabe, que vai levar a gente até o valor e acabar se perdendo nisso. Então eu acho que o ponto chave assim, há quer trocar ideias entre times, quer garantir que isso possa gerar uma troca de valor que gere melhores resultados, cara então a gente precisa ter um time maduro, só que a galera nova tem que entrar, e aí, como é que funciona? Acho que a maior tecnologia que a gente precisa hackear agora é: como pegar trinta, quarenta anos e tentar reduzir isso, como é que eu posso fazer? Tipo, um cara que está entrando na área de sistemas, que está inseguro consigo mesmo, “será que eu sou dev. ou não sou? Será que eu posso contribuir para a empresa ou me demitir?” Todo mundo que começa, começa com esse medo, e a gente sabe que nesse nível de cortisol e nesse nível de estresse, a pessoa pode ser levada pelo cérebro jacaré, o nosso sistema límbico, a querer se defender, e muitas vezes essa defesa é um revestimento de um poder falso, como, por exemplo, “ah eu programei react eu sou foda”, e aí se eu for o melhor programador em react da empresa, eu estou garantido, se alguém começar a se destacar, aí é um problema para mim. Cara o react é só uma ferramenta, só o meio entendeu? Você está se apegando a coisa errada, aí o que a gente percebe? Que tem até uma gurizada nova que programa, só que não consegue entender como é que gera inovação, como é que entrega valor lá na ponta. Então acha que inovação às vezes ficar dez horas numa feature, num detalhe que não leva a lugar nenhum. Então no final das contas, é sobre maturidade sabe? E a pergunta difícil e que eu faço todo dia é: “como é que a gente pode criar ambientes favoráveis, onde as pessoas podem ser vistas com bons olhos e cuidadas?”, porque vão errar mesmo com a boa intenção, mas é uma defesa humana, a gente quer se agarrar em alguma coisinha que me dê o nível de poder e não conseguir trabalhar junto, porque quem trabalha junto, para trabalhar junto tem que ser maduro, tem que estar com o ego mais preparado, tem que estar com a capacidade de empatia, leva tempo, hackear isso aí também.

[00:31:15]

Suzana Carvalho: Maravilhoso. Eu falo dentro do meu curso “O poder da oratória” que uma das bases para a gente se tornar um bom orador e conseguir ter um posicionamento, é ter uma tríade, que penso que completa muito que você trouxe, que é autoconhecimento, autoconfiança e autoestima. Se a pessoa sabe quem ela é, porque ela faz o que ela faz, porque que ela acredita no que ela acredita, por que ela tem esse posicionamento? Ela defende muito mais, ela aparece muito mais, ela quer contribuir, ela não quer só massagear o ego, que é pequeno demais do ser humano. E aí quem não faz isso, olha quem está fazendo e fala “ai que sorte” eu falo “aham, vai vendo sorte, sorte é teus olhos”. Deixo fazer uma pergunta aqui para vocês sobre como lidar com os desafios de segurança e propriedade intelectual quando a gente traz essa abordagem dos projetos por meio dessas redes de inovação?

[00:32:07]

Marcellus Amadeus: É difícil, porque [...]

Suzana Carvalho: Está com tempo? É aquela que fala “está com tempo”?

Marcellus Amadeus: Porque propriedade intelectual é uma coisa que a gente discute muito na Alana, até porque a Alana é baseada em vantagem tecnológica, de certa forma, e gente tem produto, ele construiu de uma tal maneira, mas a gente investiu muito recurso em criar as coisas. Então existe aí uma vantagem tecnológica enorme, que é propriedade da Alana. Alana produz pesquisa, produz experimento, produz código, então a gente coloca no mundo muita propriedade intelectual internamente e agora mais externamente também, com pesquisas e publicação. Então, é difícil, porque, para mim assim eu tenho uma visão muito de governança, de onde que as coisas estão, quem tem que cuidar dessas coisas e tem várias escalas, porque você fala, desde onde estão os dados, até se aquilo é importante ou não para o negócio. Então, às vezes a gente criou um jeito novo de fazer uma coisa muito difícil, e aí a gente fica “tá, mas a gente vai publicar isso, mas qual que é o efeito disso, do ponto de vista de negócio e a gente não necessariamente de negócio”. Então, tem uma combinação difícil, que eu tenho certeza que até deve ser difícil inclusive empresas grandes que, às vezes acabam soltando coisas que prejudicam elas mesmas, por conta do tamanho, e que na minha visão é de governança, mas tem que ter essa combinação sabe,  das áreas se entenderem, da gente saber “pô, a gente tem uma pesquisa que vai revolucionar o nosso produto”, a gente vai publicar isso, mas como é que a gente vai lidar com isso internamente, quando tempo? Uma hora a gente pode publicar isso porque isso vai ajudar a comunidade como um todo. Então são muitas perguntas que elas vão envolver times que normalmente ficam muito separados para poder responder, mas que, normalmente volta no ponto de “qual que é um impacto no que a empresa faz, o produto no serviço da empresa? Onde é que estão as coisas? Quais são esses dados?” Envolve de tudo, envolve jurídico, produto, pessoal técnico, TI, pesquisador, envolve tudo. Então é uma questão, eu acho que é bem difícil e que a gente também tem os nossos próprios desafios para responder isso.  

[00:34:38]

Henrique Otte: Pegando isso aí, tem coisas interessantes do TI, que é quando o teu time fala que já está quase pronto, chegou na metade, e olhe lá. [...]

Suzana Carvalho: Pedreiro também.  

Henrique Otte: Então, por que é isso? Porque é aquilo que acabou de falar, está acabado e pronto para o mercado. E aí entra justamente essa questão, quando você tem uma empresa com renome, com responsabilidades, quando você coloca algo no mercado com teu nome, você vai passar o dobro do tempo que você fez, tendo certeza de que você não está colocando nada prejudicial para você. Isso é algo realmente pronto, porque existe o pronto, o pronto e o pronto, então o afoito, quando a gente era mais novo, a uns cinquenta anos atrás, eu, a gente fazia o que? A gente fazia um negócio, uma gambiarra qualquer jogava lá e estava tudo bem, a gente podia fazer isso. Quando a gente começa a ter a empresa e começa a ter esse nível de amarração, você não pode mais fazer isso, o que deixa a gente lento para desenvolver e lento para desenvolver coisas novas e cauteloso com o risco de tudo o que está fazendo, e aí vem aí vem a maravilha da estrutura organizacional moderna, e isso é um problema de estrutura organizacional, que ainda é difícil essa mudança no mundo de hoje e por isso que foram inventadas essas desgraçadas das startups. Não falei ali que 5% de chance de sucesso é inovação? Pois é, então assim 95% de chance de dar errado a inovação de uma empresa, e uma startup também tem 98% de chances de dar errado. Só tem uma diferença: a empresa não pode errar, a startup é feita para errar. Então qual que é o barato disso? Eu tenho que desenvolver uma coisa nova, é arriscado, é encrencado, é arriscado em nível até jurídico, o que você faz? Deixa os outros desenvolver, deixa, deixa aquele grupo de três, quatro pessoas é que estão aí usar da minha tecnologia do meu know-how, do meu capital, eu apoio, vai aí, se der certo eu quero, se não der certo, a gente inventa outra coisa depois. A startup tem essa vantagem, vocês têm essa vantagem de ir para o tudo ou nada, tentativa e erro, a empresa não pode mais fazer isso gente, quem tem empresa agora, a gente fica agoniado, fica angustiado, a gente trabalha com grandes empresas, “eu quero mudar, a sua empresa não quer, mas a minha”, não é, ela tem vida própria, ela tem que atender um monte de questões de governança, de segurança. Então você não pode mais arriscar como se arriscava no começo, não pode mais inovar como você inovava no começo, e como é que faz? Deixa para esses malucos que tem aí em volta, doidinhos para arranjar uma encrenca, deixa eles brigar. Então começa a ver isso, a responsabilidade, o risco de uma falha de segurança para  uma startup é mínima, diferente para uma empresa constituída.

[00:37:51]

Suzana Carvalho: Muito bom.  

Marcel Jientara: Complementando, eu acho que para a galera que é muito importante entender que ideia não é propriedade intelectual, ideia não vale nada. Na verdade, eu adoro testar um monte de ideia maluca e enquanto ninguém concordar comigo eu nem começo a desenvolver, eu solto metade das ideias de produto, porque ideia não significa nada. Então tem uma galera às vezes que fica preocupada, eu pessoalmente nunca tive nenhum apego com ideia, eu adoro falar, porque se alguém muito inteligente concordar com ela, eu falo: “opa, calma, talvez tenha alguma coisa aqui, talvez vale a pena construir”, e eu pessoalmente adoro mesmo, passo metade do meu tempo em produto pesquisando referência de outras ideias de outras pessoas que estão executando mal ou fazendo porcamente, conceito interessante, mal executado. Quando a gente fala de propriedade intelectual, a gente está falando de algo tangível, você conseguiu tangibilizar aquela vantagem de alguma forma. E é um desafio grande, porque, o Marcellus a primeira vez que ele me trouxe “não vamos publicar falei “não, por que?” “A gente tem investidor”, deixa eu ver se eu entendi, você quer que eu chegue no acionista e diga “então, você está depositando milhões de dólares na nossa conta, e o Marcellus está querendo publicar de graça na internet, um pedaço de papel que não apenas o negócio, ele está explicando como que ele fez”, é mais perigoso ainda. Por isso que eu adoro, eu roubo muitas ideias da academia, nesse tempo eu produzo muita coisa, muito legal mesmo, eu adoro ler muita coisa, eu falo “é isso aqui que eu tenho que construir”. Então tem um desafio grande, mas aos poucos, aí é um trabalho de novo, a gente estava discutindo o papel do time de TI, as duas coisas tanto abrir um pouquinho mais a propriedade intelectual para ser um ecossistema mais aberto e de conexão, quanto à questão dos prazos e responsabilidade, desenvolvimento, não foi que eu como CEO, eu fui eliminado, foi a educação, por exemplo, do Marcellus comigo, eu não gosto quando ele vai lá e fala: “não Marcel, é três meses”, mas foi um trabalho de educação que a gente foi fazendo, tanto meu quanto dele, porque nós éramos muitos jovens quando a gente começou a trabalhar na companhia, de começar a aprender, não adianta prometer 15 dias que não vai funcionar. Então de novo, aí entra o papel de novo do time de tecnologia, de falar “então, o prazo pode ser compartilhado, pode abrir uma biblioteca, porque quanto mais pessoas usarem, além disso, é uma questão de abrir, monetizar a propriedade intelectual de uma forma diferente. Quando você é muito fechado, em nosso caso, a gente é muito fechado ainda, porque a gente tem uma tecnologia proprietária, a gente deixa de monetizar muitas coisas, demoram mais tempo, porque eu demoro um pouco mais de tempo para descobrir como fazer de forma segura, porque não pode ter, no caso a gente lida com dados sensíveis também, então tem um outro ponto nisso. Mas acho que de novo, volta para o profissional de TI, profissional de tecnologia, mesmo sênior e sendo o que eu digo em atitude, o que você citou aqui é incrivelmente verdade, a gente está criando escolas de aceleração de programação para programar em 18 meses, mas a gente não está ensinando como que se faz análise de requisitos, a gente não está ensinando como se faz teste de QA, que eu pessoalmente adoro QA, como você sabe se funciona ou não? Porque o programador sempre está funcionando, na minha máquina funcionar não conta, isso daí é a pior coisa do mundo, é por isso que eu não faço mais porque eu já passei vergonha em palco com Crash. Então tem um desafio grande quando a gente fala de profissional de tecnologia, a gente tem que entender que nem todo mundo tem que ser programador, heavy pesado, para ter altíssimo valor, arquitetos estão em falta, quanto que vale aqui um profissional de QA sênior? Tem mais déficit dele do que frontend, na verdade, desapareceu que deixou de ser cool, ninguém mais quer fazer frontend, mas é porque tem que aprender design também. Então tem, essa aquisição de novo, profissional de TI como um evangelizador, um profissional de TI, porque o Marcellus, às vezes tanto eu, quanto ele, você está com vontade de fazer um negócio, abre tudo, vamos compartilhar, vão entregar em um mês, você quer, naturalmente você quer, ninguém está brincando, ninguém não quer, mas depois de um tempo, e aí é o grande desafio é: como a gente transfere conhecimento, porque de novo no caso, da Alana aqui, qual que é a barreira real de entrada da Alana? Não é apenas propriedade intelectual, não é apenas AI, é: pega outras 2 pessoas, no caso aqui, são os dois fundadores, que estão trabalhando com isso consistentemente sério há tanto tempo, a gente já enfrentou tanta coisa, quando a gente vê uma startup de AI nascendo, falando que fez tal coisa, em dias, mentira, não, porque não dá, simplesmente não é viável. Então essa questão da educação é muito importante.  

[00:42:21]

Suzana Carvalho: Perfeito. Gostaria de saber se alguém tem alguma pergunta para fazer para um dos painelistas aqui, oportunidade de milhões. Vou levar o microfone até você só um instantinho.  

[00:42:46]

Plateia: Então, para vocês que já fundaram empresas, que já desenvolveram, já atingiram o sonho de muita gente aqui, qual que seria o principal para o início, o pontapé que precisa para fundar uma empresa sólida e que prospere?

[00:43:04]

Lucas Pacheco: Estudar na Eliti. Adorei a pergunta obrigado, está aprovada.

[00:43:17]  

Marcel Jientara: Boa, boa, boa, eu não entendi a piada, desculpa. Tá, primeiro eu acho que curioso né, alguns fundadores e alguns caras que eu mais admiro, eles não estavam pensando em fundar uma empresa bem-sucedida, a minha meta pessoalmente não era exatamente “vou montar uma empresa bem sucedida”. Eu tinha uma dor, tinha um problema, tinha um desafio, tinha uma ideia, estou trabalhando, estou testando. Então eu acho que para começar, a última coisa que eu fiz foi abrir CNPJ, a última coisa que, inclusive agora a Alana está virando uma empresa, nós éramos um grande código, um problema que estava tentando resolver, estamos virando um produto e agora nós vamos virar uma empresa. Empresa com processo, com estrutura. Eu acho que a última coisa que a gente tem que pensar quando a gente está tentando realmente construir algo, é ser mais empreendedor, eu acredito muito que cada real que você tem e nós tínhamos zero, quando fundamos a companhia, literalmente zero, cada real que você tem, ter que ser no core do problema que você está resolvendo, sem frescura, sem nada, você não precisa de um escritório para começar a trabalhar. Inclusive, até hoje não a gente não tem grandes escritórios, então para começar de verdade, só que de novo, Marcellus fazia outras coisas também, eu sei lá, eu quebrei umas cinco empresas, nem nem nem sei mais a conta, nem sei o que eu estava fazendo na época, 16, 18 anos, cara, é meter a cara, testar coisas, e eu sou muito apaixonado hoje pela Alana, porque ela deu certo, mas não sou apaixonado pela ideia, sou apaixonado pelo que funciona.  

[00:44:57]

Henrique Otte: A tua pergunta ela tem um monte de respostas, depende do tipo de negócio, depende qual é o caminho que você busca para você, existem tipos tão diferentes hoje de empresas que você pode ser ou pode não ser. Aqui você tem alguns exemplos, hoje a empresa que eu tenho é uma empresa do jeito que eu achava que deveria ser há dez anos atrás, e que hoje é uma coisa muito estranha, eu não vou nem tentar entrar, explicar o quanto que o mundo das empresas mudou e como que as organizações hoje estão diferentes. Então o que é importante para você imaginar? Hoje existe mundialmente reconhecida uma metodologia para ranquear a criação de empresas, como é que o nome dessa metodologia? Startup. Então, a primeira coisa é: fala-se muita bobagem, isso não ajuda, especialmente vocês, startup é metodologia, startup não é coisa, startup não é um tipo de empresa gente, isso daí é bobeira, isso aí é estupidez, de verdade. É uma metodologia para te ajudar a rackear a primeira parte de como criar uma empresa, para que serve a startup? Para você testar se aquela tua ideia mirabolante tem ou não tem pertinência de mercado e se você tem um mínimo de tecnologia para atender isso, depois você refina. Ela é feita para, a gente não falou que empresa, a empresa tem duas coisas: é trabalho e risco, a gente tem que cuidar com isso. Startup é feita para mitigar risco e trabalhar pouco e investir pouco, testar o mais rápido possível e quebrar rápido, isso é óbvio, está em todo livro, todo mundo fala. Cara feio ou fast é o princípio básico da Startup as pessoas não assumem, as pessoas elas fazem protótipo, mas não fazem MVP. E se você não sabe a diferença eu explico isso com mais calma agora, o que é o protótipo? Protótipo é aquela tela bonitinha que não faz nada direito. O que é o MVP? Aquele negócio que resolve, mas é horroroso, todo mundo faz protótipo, ninguém faz MVP. Você quer começar uma empresa? Foca em MVP que é a essência de todo esse negócio, usa da metodologia startup do jeito certo, olha para o teu cliente e fala: “eu amo meu cliente, eu vou resolver ele de um jeito ou de outro” e depois, depois você refina. Isso é o jeito moderno de fazer a empresa que a gente vê hoje, que é muito mais ágil, muito mais rápido e muito mais prático. Você quer abrir uma empresa? Começa hoje a olhar o problema, se apaixonar por um problema e usar de metodologia startup para isso, e depois você vai atrás de tecnologia, de gente, de estrutura de organização, o resto vem fácil, te garanto.  

[00:47:50]

Suzana Carvalho: Uau, que aula hein moço. Você quer falar Marcellus? Vamos lá, então para a gente encerrar o painel.  

[00:47:56]

Marcellus Amadeus: Eu tenho uma outra perspectiva de tudo isso. Eu nunca tive a conversa com Marcel “vamos ser co-fundadores", a gente nunca sentou para falar isso, a gente tinha um problema [...]

Suzana Carvalho: É uma indireta Marcellus? Quer discutir a relação aqui?

Marcellus Amadeus: Pelo contrário, a gente tinha um problema que a gente queria resolver e eu queria resolver junto com ele, é isso. A gente não teve esse [...]

Suzana Carvalho: A burrocracia ficou em terceiro plano né?  

Marcellus Amadeus: Exato, não é “vamos sentar, e não, vamos ser co-founders, vamos ser isso, vamos ser aquilo, vamos abrir empresa”, isso não foi, isso não aconteceu, para mim, isso não aconteceu até hoje. A gente tinha, o Marcel quando eu conheci ele, ele queria resolver um problema, e eu queria resolver um problema, e eu gostei do problema e a gente começou a trabalhar juntos e a gente está trabalhando junto desde então. Então, não existe essa conversa, então para mim, a perspectiva foi muito diferente, porque eu nunca, eu nunca quis abrir uma startup, isso não faz diferença para mim. Então a minha perspectiva, na verdade, eu tive muita sorte de encontrar o co-fundador e o Marcel tem essa visão da startup, da empresa. Mas eu, eu só queria fazer algo extraordinário, então não foi nem pensando em startup, nem pensando nada, eu queria fazer algo extraordinário, eu queria aplicar coisas que eu estava aprendendo, então, eu estudei neurociências, eu queria aprender mais sobre o cérebro, criar inteligência, aplicar inteligência artificial, e é o que eu venho fazendo desde então, e eu quero ser o melhor. Então, no meu caso, então assim, existem vários caminhos e esse caminho realmente é válido de você “eu quero fazer uma startup, eu vou aprender mais sobre isso”, nossa, eu penei dez mil livros de startup que eu tive que ler para aprender como é que é isso, o que é isso, e não sei o que, e até hoje eu tenho que aprender como que é isso, porque faz parte. Mas isso para mim é tudo secundário, empresa, startup, é tudo secundário, o principal para mim é: “eu quero fazer algo extraordinário”. E aí, no meu caso, eu tive sorte de alguém que entende do resto mais do que eu e a gente começou a fazer. Então tem vários caminhos, mas acho que os dois caminhos se juntam no ponto em que você tem o problema, só que você quer ser o melhor, você quer fazer o melhor e o processo de ser melhor envolve ter estratégia, envolve definição melhor. A gente mudou tanto ao longo dos anos, a gente se redefiniu ao longo dos anos, basicamente, com a mesma estratégia de ser o melhor. Então quando falei sobre “ah, a gente tem que definir melhor o problema para chegar lá”, da onde que eu tirei isso? Eu tentei coisas diferentes, porque a minha estratégia era ser melhor, e você tem que se permitir errar e fazer de novo e se frustrar e continuar, até você chegar em algum lugar. Então ser o melhor para mim, foi a única coisa que bastava, não tinha nenhuma ambição relacionada a uma empresa ou qualquer coisa do tipo, então esse foi o meu caminho. Então, só para te dar uma ideia de um outro caminho.

[00:51:07]

Suzana Carvalho: Que lindo! Que bom que deu certo nessa área, porque vocês teriam um potencial enorme para se tornar uma dupla sertaneja né, Marcel e Marcelo tem tudo a ver. Só para descontrair Marcellus.

Marcellus Amadeus: Eu não canto bem.

Suzana Carvalho: Tem voz de foca possuída como eu. Senhores, muito obrigada pelas construções, pela colaboração. Foi bacana para vocês esse painel? Maravilhoso! Vamos aplaudir e agradecer demais a participação de todos vocês.

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