Temporada 03 | Episódio 02

Empreendedorismo como caminho de transformação

Marcel Jientara (CEO da Alana AI) e Jeff Lima (Fundador do Prototipando a Quebrada) compartilham suas experiências, como líderes que vieram da periferia, e apontam o empreendedorismo como caminho para provocar transformações nas comunidades e nas próximas gerações de jovens profissionais.

#13 Empreendedorismo como caminho de transformação

[00:00:06]
Regina: Sejam bem-vindos ao Inside Alana Podcast, organizado pela Alana AI.

[00:00:19]
André: Oi pessoal, tudo bom? Estamos aqui para mais um fireside chat, no Inside Alana Experience. Dessa vez a temática que nós vamos tratar aqui é a parte de empreendedorismo como agente de transformação individual e coletiva. Como que o empreendedorismo pode ser um caminho para gerar essa transformação, dentre outras temáticas que a gente já trabalhou, já discutiu aqui no nosso fireside chat, no palco principal do Inside Alana Experience. Dessa vez estou aqui com o Jeff da ONG Prototipando a Quebrada, tudo bom?

Jeff: Beleza mano?

André: Tudo bem, tudo bem.

André: E com Marcel Jientara, o CEO da Alana AI, que está promovendo esse evento aqui na sede da ACATE, onde a gente está inaugurando também nosso novo escritório, tudo bom Marcel?

Marcel: Tudo ótimo, vamos lá.

André: Vamos lá, vamos lá. Então, para a gente começar essa discussão Jeff, acho que vou começar por você, porque a gente tem que entender um pouco do repertório, da trajetória desse profissional e desse jovem que sai ali, de uma condição de periferia, de uma condição ali de sonhador, ainda, de pensar quais são minhas possibilidades, meus desafios e como que a gente pode usar o empreendedorismo, como ele pode ter um papel para transformar a vida desse cara, então queria que você trouxesse um pouquinho também, além de introduzir um pouco sobre a ONG, do seu trabalho, como é que você trás esse cenário?

[00:01:40]
Jeff: Cara, primeiro, tudo bom, pessoal? Eu gosto de pensar que o empreendedorismo e a inovação, ela já estão presentes dentro da periferia. A gente gosta de dizer que tem a pegada, o pique, o borogodó de quebrada que já existe.

A questão é você começar a pensar como clarificar essas ferramentas para esse pessoal. Eu sou de periferia, eu sou criado, nascido e criado na Zona Norte de São Paulo, quase Minas Gerais de tão longe que era a periferia que eu morava, e um ponto que eu gosto de dizer é que eu tive direitos garantidos, então eu tive uma família minimamente estruturada, eu pude estudar e eu não era tão, eu era bem inteligente, mas eu não era o mais brilhante, mas eu tive os direitos garantidos, e tendo esses direitos garantidos, eu pude acessar espaços, tá ligado?

Eu fui o primeiro a fazer faculdade, cara que fez mestrado, que transitou, que um dia veio na ACATE, um dia descobriu a tal de startup, então eu tive os acessos, e com esses acessos me deram ferramentas para pensar “bom, como que a gente queria que esse impacto, como que a gente fala essa linguagem, esse universo para a galera de periferia”, daí surgiu a Prototipando a Quebrada, então, sigam a gente nas redes lá. Prototipando a Quebrada é um projeto de transformação social, que utiliza a tecnologia para naturalizar a aprendizagem de tecnologia para  jovens da periferia, a gente trabalha com crianças, jovens e adolescentes, hoje a gente está aqui com os jovens do Prototipando, valeu Alana pelo convite.

E um ponto importante é pensar: como que a gente faz essa ponte, porque a gente trabalha com pontes, para trazer essa genialidade, vocês tiveram oportunidade de ouvir os jovens falando, eles são incríveis, muito melhores do que era na idade deles, e eu acho que é um ponto muito importante quando a gente pensa nessa proposta de empreendedorismo, como que a gente vai criando essas pontes de aprendizado.

Esse é um ponto muito importante, pontes de aprendizado, porque o conhecimento está aqui, na troca que a gente faz batendo um papo no corredor, a gente está trocando ideia e aprendendo.

Como que eu trago essa expertise para dentro desses espaços. É um pouquinho por aí que a gente caminha.

[00:03:53]
André: Legal, legal Jeff, legal você trazer esse cenário, não só do trabalho da ONG, mas também de lugar de fala, de ter participado disso e ter se desenvolvido a partir desse momento, e enxergar nos meninos que estão aqui participando de oficinas de AI, de startup ali, enquanto a gente está tendo essa conversa aqui no evento.

E Marcel queria que você comentasse um pouco sobre isso também, com esse olhar de empreendedorismo, como empreendedor, como o fundador da Alana, comentasse um pouquinho em cima das palavras do Jeff, e desse olhar para o talento que muita vez está escondido lá no meio.

[00:04:26]
Marcel: Bacana. Complementando um pouco o que o Jeff citou, quando você vem da periferia, eu também, também tive essa oportunidade, meu co-fundador também, você aprende a fazer empreendedorismo de sobrevivência.

Você pega o trem, tem alguém ali vendendo, então o tempo todo você já tem isso na própria, no próprio ser, porque ninguém aceita ali o status Quo. Essa ânsia de crescer já é algo natural desde o começo. Eu acho que é um ponto que o Jeff bateu muito forte é o acesso às ferramentas, e quando a gente cita um pouco de meritocracia e outros meios, a gente não entende muito bem o quanto que as pessoas estão em distâncias muito diferentes.

Eu saí de uma cidade com 20 mil habitantes, sem asfalto, sem internet, então, quando eu ia para São Paulo visitar meus primos, eles já tinham um nível de acesso de conhecimento ferramental muito superior do que eu teria ali com 10 anos, 15 anos de diferença. Então acho que o primeiro ponto quando a gente começa a pensar na transformação, empreendedorismo ele já existe, é a mãe que trabalha em três empregos para sustentar essa essa família.

Mas a gente tem que começar a mudar, 2021 né, começar cada vez mais lapidar esses talentos desde o começo, que é o que está tentando fazer aqui hoje, porque transformar esse empreendedorismo de sobrevivência, no empreendedorismo de oportunidade de fato, porque se não, a gente está começando a, é do interesse do sistema e do status quo que o jovem fica ali no treino o tempo todo, só vendendo aquilo ali e se mantenha nisso.

Então, pode ser um caminho num primeiro momento, porque ele tem que fazer algo, mas não pode ser apenas a única coisa. E quando nós pensamos no Brasil, especialmente, o Brasil é um país periférico, o que eu acho mais interessante quando se tem a oportunidade, eu fui viajar pela primeira vez fora do Brasil com 24 anos. Então quando você tem a oportunidade de fato, você começa a falar “nossa, o Brasil inteiro importa, se você é negro, branco”.

Dependendo da região que cresceu, você já vem um anos luz atrás, e obviamente a gente tem o programas de transformação em ONGs, projetos sociais super importantes de apoio e cada vez mais esse jovem talentoso que sai da periferia, ele se mistura, e aí a  gente também tem que ter a questão do devolver de volta, de como que a gente lapida isso, em contratar extraordinários e devolve isso para a comunidade de uma forma mais sustentável, que se não a gente só está tirando também o extraordinário e não está devolvendo.

Que é um grande desafio, que é justamente a questão da oportunidade versus sobrevivência, porque se for só sobrevivência, somente um vai sobreviver de fato, é aquele cara que vai até o final, e se for a oportunidade te aconselho de fato, a usar uma transformação mais coletiva e de médio e longo prazo.

[00:07:05]
André: Sim. Nisso tem um papel não só das companhias, não só das organizações, das startups, que cada vez mais são influentes no mercado e não só, antes era um papel gente enxergava muito nas organizações, corporações e multinacionais, não, é possível você promover mudança com qualquer atitude. E aí que acho que entra um pouco do que você faz Jeff.

[00:07:30]
Jeff: Tem uma coisa, pegando o que você falou e que o Marcel falou, a gente que gosta de dizer que quando você cria as oportunidades você causa uma transformação de duas vias, vou dar um exemplo: quando a gente pega um menino de periferia e fala para ele “existe universo, tecnologia e inovação”, agente dá as ferramentas para ele se desenvolver, a gente fala para ele que é possível estar aqui dentro, hoje a gente está aqui dentro efetivamente, entre pares, nessa construção, ele leva isso para dentro da comunidade.

A gente começa a criar uma via de transformação. Eu falo às vezes nas palestras e nas conversas com os apoiadores e pessoas que, quando você fala para um menino de periferia, que ele vai ganhar 3 mil reais sendo um júnior de desenvolvimento, e que ele não precisa ir pro corre, para quem não conhece, o corre é o tráfico, ele não vai para o corre, aquilo faz uma transformação sistêmica dentro da periferia.

Porque o cachorro-quente que ele vai comprar não é só aqui na ACATE, é lá tiazinha que vende cachorro-quente dentro da quebrada, que também é uma empreendedora, que ensina ele para caramba.

Eu gosto muito de história, sou educador de paixão, hoje estou CEO da ONG, etc, mas uma vez um pessoal da universidade foi numa comunidade que eu trabalhava e veio com a perspectiva de “ah, a gente vai ensinar empreendedorismo, eu vou mostrar pra galera como é que empreende”, e realmente eles tinham uma bagagem de aprendizado, aí eu falei “então tá, então vem cá”, aí eu levei eles na frente do colégio, como todo bom colégio de quebrada tem uma vendinha, nessa vendinha tinha um cara, que era o dono da vendinha, que era o Tonho, eu falei “Tonho, como é que você  administra aqui a vendinha?

Ele falou “ah eu tenho um caderninho, faço assim tal”, daí eu “pô Tonho, e a quanto tempo você tem?” “eu tenho a vários anos, eu formei 4 filhos com a venda”,  daí eu falei para esse menino de universidade, disse para ele “cara, vamos trocar, vamos não vim com esse pedestal e vamos fazer esse processo de aprendizado mútuo”, porque é uma das coisas que a gente traz aqui.

Hoje os nossos educandos fizeram umas perguntas lá que foram incríveis, mas eles estão aprendendo, é esse fluxo, que é uma das coisas que a gente precisa pensar, seja para empreendedorismo, seja para os espaços de inovação e tecnologia. Como que a gente consegue fazer o fluxo do melhor dos dois universos.

[00:09:44]
André: Sim. E aí acho que um ponto que transita um pouco no que o Marcel trouxe, como a gente identifica e consegue, ao alertar e ao mostrar o caminho para esse para esse jovem, quais são as armadilhas?

Como que a gente identifica isso? Porque existe aquele caminho do “vendeu o sonho”, a gente tem muitos exemplos hoje em dia de de pessoas que vendem fórmulas, pessoas que vendem coisas como “com a sua atitude, com a sua determinação, você pode tudo, etc”, e vende aquele sonho maravilhoso, porque também o jovem de quebrada está conectado e está com  internet e está com realidades distintas, mas ele está conectado, então ele tem acesso a informações, as boas e as ruins, então, como a gente ajuda também a alertar sobre essas armadilhas, como é que você imagina isso Marcel?

[00:10:39]
Marcel: Esta questão motivacional vazia é muito interessante porque quando você cai nela e não consegue cumprir, então você se sente péssimo. Porque é tão fácil, é só fazer trabalhar duro e se matar, e em tese, você fica bilionário com bitcoin.

Então, eu acho que a primeira coisa, para qualquer um, quando você é jovem e aí, obviamente o de periferia, têm mais acesso e agora com a informação, qual é a referência que ele tem?

E qual é a referência verdadeira versus a referência que é fácil acreditar porque você quer acreditar. Então eu acho que primeiro ponto é ter as referências certas, e para ter referência certa, invariavelmente, vai ter que cair nas erradas, se vai ter que entendendo, cercar de pessoas, que é muito fácil falar.

Eu pessoalmente sempre odiei tapinha nas costas, quando tinha que pegar o metrô de volta para casa, e então eu ia almoçar com investidor. Primeiro ano de Alana, num restaurante que não tinha como pagar, inclusive que bom que ele pagava o almoço,  e eu tinha que embora e aquele cara claramente não iria me ajudar na prática, ele ia me dar tapinha nas costas, me ensina alguma coisa e eu tento aprender, e eu acho que o jovem de periferia, eu acho que demora mais tempo para absorver uma coisa um pouco avançada, que todo mundo tem que dominar, que é aprender a aprender, porque ele está tão num contexto de sobrevivência, que nesse momento eu só tenho que aprender a me manter vivo, certo?

E aí depois ter o mínimo de infraestrutura, então, mas quando ele chega nesse patamar de aprender aprender, você começa muito se questionar o tipo de referência. Hoje com a internet, em tese, qualquer um pode aprender a programar, é só comprar os cursos. E aí quando a gente começa a falar, “vire um programador bem sucedido e ganhe 20 mil reais por mês”, o jovem que seguiu essa trilha e não consegue, então o problema é ele?

Num país com 60 milhões de pessoas no trabalho informal, o problema não é ele, propriamente dizendo. Então tem  um ponto, muitas armadilhas de sucesso, fácil, o que o corre é justamente a mesma coisa, só que de forma totalmente ilegal, e aí a gente não pode legalizar esquemas que na prática, só estão gastando a vida do jovem por 2, 3, 5 anos, por isso tem trabalhos super sérios de ONGs, e tem trabalhos que são extremamente questionáveis, assim como de empresas.

A 20 anos atrás, sustentabilidade era uma coisa mega importante nas empresas, e aí as empresas aportaram muito em ONGs para ajudar os jovens, mas aí volta um pouquinho no que eu citei, que é: só o jovem sobrevivente é um, certo, e aí a gente tem que descobrir como que a gente faz 40, 30 ali naquela sala funcionarem, porque se não, só um só. Tá, eu saí de Pirapora, meus quatro melhores amigos ficaram lá, não vai rolar a transformação desse jeito, certo? Então por favor, Jeff.

[00:13:34]
Jeff: Estou pensando, você falando dos seus amigos, eu acho aquela falácia do trabalho duro, cara, a minha avó era mulher nordestina, e cara, ela andava com três ônibus para ir trampar, tá ligado?

Ela trabalhou muito duro, por que que ela não virou milionária? Conheço os manos da minha quebrada, eles trabalham para caramba, você falou, só quem pega busão e metrô, São Paulo, voltando lá da Paulista lá para a ponta da Zona Norte, lá para a Cachoeira, sabe o que que é você falar “cara, mas o estou me esforçando muito, por que que as coisas não viram?”.

Por isso que eu uso o termo eu tive direitos garantidos, não é vantagem eu ter tido um pai que não era o alcoólatra e quebrava a cara da minha mãe, tá ligado? Você é de quebrada, você tá  ligado, que isso acontece. Então eu penso nessa ideia de direitos garantidos, e explicar e explicar de uma forma que seja real com os educandos. A gente traz eles aqui, é uma das coisas legais que a gente fala é “aproveitem as experiências, tirem o que vocês quiserem dela”, é óbvio que a gente quer que eles se desenvolvam para área de tecnologia, mas se um deles chegar e falar para mim “não cara, cheguei até aqui, vivenciei tudo isso, expandi a minha visão de mundo”, eu acho que esse é um ponto importante saca?

Para a gente não cair nessa armadilha. Primeiro, trabalhar com a ideia de expansão de mundo mesmo, vou começar a ver outros universos, e falar “cara, existem multiplicidades, não caia nessa balela de vendedor de internet que faz o curso aqui que você vai ficar milionário, não é tão fácil”. Você falou que o Brasil é um grande país periférico, a gente usa muito no Prototipando que, infelizmente, em todos lugares do Brasil tem periferia, e eu não estou falando de periferia que só conta espaço distante do centro, eu falo o quanto desprovido de infraestrutura, o poder público às vezes não chega lá, você tem um poder paralelo.

E daí a função das ONGs, e daí eu falo de ONGs como a Prototipando, que são corretas, que fazem um trabalho, que apresentam o que estão desenvolvendo, eu acho que ele é vital para a gente começar a trazer outras formas de enxergar essas possibilidades para os jovens. Não adianta nada chegar para um moleque de quebrada e falar “nossa, faz esses cursos que você vai ganhar 1 bilhão de reais”, não pode ser de cima para baixo.

Você falou de aprender a aprender, é um lema no Prototipando, a gente aprende no coletivo, a gente trabalha horizontalmente, e sempre vem com a comunidade. Tem uma coisa que é muito, e fica a dica para a galera que é de inovação e tecnologia, que construam com, nunca construam dê, para, não vem de cima para baixo, vamos construir na base, hoje a gente conseguiu ter 25 jovens ali dentro porque é construída na base.

Então, eu acho que essa é uma reflexão para não fazer com que eles achem que, é só eu ganhar muito dinheiro que a minha vida vai ser feliz, não vai, você pode ganhar muito dinheiro e a vida não vai ser feliz necessariamente, as coisas que você transforma que fazem a vida ter sentido.

André: Perfeito

[00:16:33]
Marcel: Complementando, que é o para evitar as armadilhas, a definição de sucesso. O jovem ali periférico, na verdade de qualquer um, tem uma visão de anos noventa que o sucesso é o dinheiro absoluto, e aperiferia tem muito mais armadilhas tentando vender isso, então é muito importante a questão da expansão do conhecimento.

Eu, durante uma época da minha vida, minha definição do sucesso era alugar um apartamento, era conseguir ter onde morar, em seguida, a minha atual, inclusive, eu fico super feliz quando posso ir no mercado e comprar o que quiser de comida, porque é uma coisa que você se lembra que há 10 anos atrás você não podia fazer.

Parece muito mesquinho e muito bobo, mas eu fico realmente feliz, eu realmente posso comprar a comida que eu quiser, porque eu me lembro de voltar da faculdade e pegar um salgadinho no mercado e sair correndo porque estava com fome, e isso faz 8 anos. Então a questão do sucesso ele vai mudando o seu patamar, que é um pouquinho o que o Jeff, se a gente começa.

Eu estava vendo a oficina de pitch. Se a gente começa a falar para o jovem: “ei, monta uma startup e vira milionário amanhã”, é a mesma coisa, ou muito parecido, do caminho errado que já existe em outros locais. O que a gente tem que começar uma construção, então por isso que a gente teve a palestra de estágio, por exemplo, em startup.

Eu me lembro quando sai de casa com 16 anos, meu conceito, sucesso era ter um estágio e ajudar no lugar que eu  morava, em seguida trabalhar em tal lugar, e eu me lembro que nossa, quando eu aluguei minha primeira quitinete em São Paulo, no centro, horrível, que seria hoje horrível, eu me senti o cara mais, porque o perfil de sucesso que eu defini para mim mesmo, e o máximo que a gente pode fazer com o jovem periférico, na minha visão, é fornecer as ferramentas, os passos, mas quem vai ter que decidir o sucesso dele, é ele mesmo.

E é uma jornada muito de autoconhecimento que quem tem 15, 16 anos não está pronto ainda, talvez com 30 não estará ainda, e é por isso que é uma jornada individual, que a gente pode apoiar e fornecer as ferramentas, evitar as armadilhas e é por isso que a gente não pode pensar nesse sucesso extremo óbvio, porque eu até brinco que startup, a galera pensa muito dinheiro, que vai ganhar dinheiro, se fosse para ganhar dinheiro eu tinha montado pirâmide de bitcoin, que é muito mais fácil, muito mais viável se ganhar dinheiro rápido com isso, e você vai parar no Fantástico. Startup é um trabalho duro, enorme.

Ontem mesmo eu entrevistei uma pessoa de Osasco, adorei, cara incrível, tem a própria startup, e ele está claramente cansado, exausto, e ele está se questionando muito, “o que eu estou fazendo de errado”, e eu falei para ele “na verdade, cara, 99% das startups quebram, então você está sem uma estrutura para poder fazer esse jogo”. E tem uma questão também do jovem, o que é sucesso?

Num primeiro momento, é criar a fundação. Eu me lembro até hoje do tipo, sucesso numa época para mim foi comprar meu primeiro celular bom, e a gente não pode menosprezar isso, porque cada um tem sua jornada e espaços como o aqui o da ACATE, essas conexões, o máximo que pode fazer, O Jeff falou uma coisa bem bacana na oficina, que não importa muito, vai ter a competição ali, vai ter uma equipe vencedora, mas o que vocês estão tirando daqui é conhecimento, e o conhecimento a gente nunca sabe como vai ser desenvolvido individualmente para cada um.

A gente entende que é o mesmo conhecimento, em tese, mas na verdade, soma com o que você já tem com a sua própria experiência. Então, foi ótimo esses investidores quando dá um tapinha nas costas quando eu tinha que voltar de metrô, porque eu ficava pensando assim “putz,  quando eu for bem-sucedido me dá uma motivação”, só que o critério ali não era aquele nível de sucesso, ou ter dinheiro por ter, como se fosse um, e é a questão da felicidade que hoje a gente discute muito saúde mental e bem-estar, você não precisa de ser milionário para ter uma boa qualidade de vida, uma boa vida, especialmente para quem começa muito na periferia.

Então, eu me lembro quando me mudei para Osasco, para mim já era um salto de vida, então pude sair de Pirapora, fui para Osasco e é muito importante o jovem, cada vez mais desde cedo, for decidindo que é a jornada dele conscientemente.

[00:20:35]
André: Esse road map das pequenas conquistas que definem esse roadmap de carreira, de vida, não só de quem te usa no modelo de negócio, enfim. E vocês citaram inúmeras vezes, ferramentas.

Eu queria que vocês falassem um pouco também, a gente tem as ONGs, a gente tem as organizações, as iniciativas como essa que a gente está fazendo aqui, mas queria que vocês trouxessem também opções de ferramentas que a gente pode trazer para quem está assistindo, quem está na plateia, para poder incentivar.

Porque uma percepção que eu tive no discurso de vocês é que, como quase todas as discussões que a gente tem no mundo, volta para a educação.

Tudo o que você vai fazendo, você vai fazendo um ciclo e educação, então talvez empreendedorismo, é algo que tem que ser, queria o comentário de vocês, tem que ser inserido na educação de base, não só de periferia, mas na educação. E um pouco sobre as ferramentas também.

[00:21:31]
Jeff: Cara, eu sou educador de coração. Sempre que eu começo as minhas falas, eu tenho um textinho, aqueles textos básicos que a gente tem quando vai fazer um pitch. Então eu começo: eu sou Jeff, eu sou pai do Ravi, eu sou educador de coração.

Hoje eu estou CEO, estou olhando para o externo de um projeto um pouco maior, mas o meu coração é da educação, e eu sou muito freireano, eu acho Paulo Freire um cara incrível, e ele falava da construção do conhecimento, tanto que no Prototipando a gente não usa o termo “professor” nem “aluno”, porque aluno, só para trazer para quem não sabe, é ser sem luz, a ideia do professor é aquele que detém a luz do conhecimento e ele empurra aquilo para o aluno que não tem conhecimento, não é assim.

Você trabalha com processo de aprendizado, todo mundo tem uma bagagem, e você trabalha com essa interação entre a bagagem que o educando ou a pessoa que você está do lado desenvolve e o seu conhecimento. Por isso que a gente usa muito a ideia de mediação entre pares, por que eu estou falando sobre isso?

Porque  eu acho que o aprendizado de empreendedorismo, e não só empreendedorismo, eu acho que você desenvolver a capacidade e o desejo do aprendizado e conhecimento é uma ferramenta que ela não, é um mundo se volta. Se você tem vontade de aprender coisas e você consegue instigar as pessoas a ter esse desejo, ela vai aprender tudo, qualquer coisa. E é uma das coisas que a gente bate muito com os educandos, que é: quais são as ferramentas que a gente utiliza de aprendizado.

Tem uma fala do Murilo Gun que eu gosto muito, que ele fala sobre o cinto do Batman, que a gente tem que ver a educação como aprendizado, as ferramentas de conhecimento, como cinto do Batman, são utensílios que eu vou utilizar para alguma missão. Eu acho que aí entra a ideia de aprendizado de empreendedorismo. A gente tem que falar, não só do empreendedorismo para montar uma empresa, que eu sei que empreendedorismo não é isso, mas é do tipo: como eu resolvo problemas, como que eu vou desenvolver isso dentro do aprendizado de crianças muito pequenas até pessoas de terceira idade. Eu acho que aí vai para além das comunidades, a gente faz isso quanto Prototipando, a gente está às vezes dentro do cerne de aprendizado, essa ideia de como eu resolvo problemas.

Aprendizado do Prototipando, ele é baseado em desenvolvimento de projetos, tem que pensar uma solução. Eu acho que esse conhecimento que vocês estão trazendo para o pessoal está na internet, mas ele é potencializado quando você troca com pares. Montem grupos de estudo, façam com as pessoas que trabalham com você encontros para bater papo de solução, mesa de bar.

Depois que passar isso tudo gente, é um ambiente fantástico para a gente poder empreender, ter ideias. Eu acho que essa troca pode ser realizada em qualquer espaço, seja no meio de uma startup, como a Alana, seja uma ONG como o Prototipando, e você pode trazer isso para todas as faixas etárias, da criança pequena, eu tenho um filho de dois anos e meio, Ravi é a paixão da minha vida, e ele já me traz coisas, já me desenvolve capacidades que não teria com outra pessoa. Então eu acho que essa troca com os pares, com pessoas mesmo, é ferramenta incrível.

André: Marcel.

[00:24:41]
Marcel: Complementando, justamente o empreendedorismo não é montar startup, é um pensamento. Eu estudei em escola pública, então não posso dizer que aproveitei muito bem, eu era um excelente aluno até eu perceber que um excelente aluno não era suficiente, e era o mínimo que podia fazer, eu tive que começar a testar coisas. Então empreendedorismo, pensamento de empreendedorismo de você construir as coisas por si só, de resolver problemas, você usa em de qualquer área da sua vida e para o resto da vida, e o Jeff falou uma coisa que é bem interessante, de qualquer idade.

O tempo é uma coisa muito relativa, eu sou relativamente frustrado porque eu já tenho 31 anos, eu esperava estar um certo patamar de coisas que eu gostaria de ter feito, mas de novo, cada um tem sua jornada e leva um determinado tempo para cada etapa.

A própria Alana está com 7 anos, eu achei que eu ia fazer em 6 meses, e aí você percebe que o tempo é bem interessante. E a questão do jovem, a troca de ideias, a troca de experiências, e ele se forçar a não ter, é porque eu acho que um consenso que a gente pode ter aqui é que não tem um caminho, entendeu?

Tem várias ferramentas, o cinto do Batman é uma boa, e ele vai ter que ir usando essas ferramentas, explorando o próprio caminho, então, eu sei lá, eu com 18, 19 anos, montava consultoria só para quebrar ela no dia seguinte, e era só o nome, mas eu estava tentando testar coisas, estava tentando, e é por isso, de novo, ao longo da vida, as pessoas vão mudando os sonhos delas, os objetivos delas.

E é por isso que eu acho que talvez um kick off, um primeiro passo, é sempre pensar qual é o próximo sonho que eu estou tentando alcançar e nesse caminho eu uso o pensamento de muito empreendedorismo, porque quando você vê, em certas regiões ou certo contexto de vida, você acha que isso é impossível. Está tão distante, que você nem imagina que seria viável eu sonhar em estar aqui dentro, seja na ACATE com workshop, ou seja com um orientador, algum mentor, um grupo de trabalho. Você já conseguiu um estágio muito interessante. Meus estágios foram horríveis, meus estágios era chicotada nas costas, mas eu era feliz da vida porque minha meta ali era ganhar os meus 250 reais por mês para poder pagar minha república e poder viver em paz naquele conceito de sucesso.

Ouvindo os dois estagiários que palestraram agora pouco, eles citando o nível de estágio que estão fazendo, é um outro patamar, mas é a jornada individual deles, não quer dizer que o meu foi péssimo, foi o que eu precisava naquele estágio para ir para a próxima etapa. Então eu acredito que como ferramental, é meter a cara.

O mundo injusto, o mundo é problemático, educação sim é o caminho mais correto, a gente pensando em fundos de organização de governo e de agentes de transformação, educação é um caminho de médio e longo prazo, mas para o jovem hoje, já que a gente não conseguiu resolver, que é o que demora, transformação demora. Para o jovem hoje, ali naquela sala, por exemplo, é meter a cara e traçar o próprio caminho e tomar suas próprias escolhas e vai apanhar da vida, e é por isso é tão importante essa estrela guia, mesmo que a estrela guia mude, vai até ela, persiste até ela e vai para a próxima, e assim por diante.

Porque realmente, se você perguntasse meu sonho com 20 anos, era ser diretor de planejamento de uma agência publicidade, se você me perguntar hoje porquê, não faço ideia, mas aquilo me deu um Norte por uns dois anos para fazer as coisas certas: estudar, focar mais, ficar menos centrado na farra, nas festas, que é uma coisa que com 20 anos você normalmente estaria fazendo.

Então, e ferramental hoje em dia a gente tem que tomar cuidado, porque a ferramenta não, a ferramenta não transforma por si só, não existe ferramenta boa ou ruim. Então, e com a internet, todo o conhecimento, em tese, está disponível, e é por isso que tem que ter a provocação da curadoria, das referências certas.

Eu constantemente como empreendedor, eu tenho minhas referências, e mesmo com elas às vezes eu caio em umas armadilhas, imagina o jovem, agora 16 anos, que está vendo esse mundo, ouvindo um pitch “ei, faça um power point de 5 minutos e ganhe 1 milhão de reais”, tentadora, eu provavelmente cairia nisso, eu, se tivesse 20 anos, eu acho que eu cairia num golpe de bitcoin, porque está tão fácil!

Então eu acho que é muito importante cercar de pessoas realmente mais sólidas, e entender que o caminho ele é mais longo, mas o caminho é seu, ninguém vai aqui conseguir fazer uma trilha para você, e dizer que você vai sair do outro lado empregado, rico, basicamente vai fornecer a ferramenta e o apoio, e aí vai de você.

[00:29:34]
Jeff: Eu acho que quando você fala da ideia de curadoria, a gente constrói com os educandos do Prototipando uma ideia de quem são as redes que eu posso ter de apoio de aprendizado.

Tem muita palavra do “startupes”, que têm umas palavras bonitas em português, a gente fala de networking, é preciso saber elas, a gente fala para os educandos que é preciso saber, e quando a gente fala de networking, não dá para pensar só quanto oportunidade de trabalho, networking também tem que ser levado para o processo de desenvolvimento, seja intelectivo, seja sentimental, meu desenvolvimento, quem são as pessoas que eu posso ter como rede?

A gente tem dentro do Prototipando, os mentores, os mediadores, os palestrantes, as pessoas que fazem parte desse núcleo, mas a gente incentiva, e vale como dica também para quem está pensando como criar estratégias para desenvolvimento, pensar “qual que é o meu networking, qual que é a minha rede de pessoas que pode me auxiliar. Eu acho que esse é um ponto importante, quando você falou dos educandos estarem ali, a média de idade entre 15 e 17, eu com 15 e 17, irmão, eu não estava pensando em está no universo de tecnologia, eu fazia um curso técnico, também saía lá do cafundó, eu só queria ter um trampo cara. Meu primeiro trampo foi digitador, e daí vem o borogodó, a coisa da quebrada, eu descobri isso e eu posso contar agora que eu já estou com 37, então está mais tranquilo.

Eu descobri como burlar o sistema, eu duplicava, eu era digitador, eu duplicava as digitações que eu tinha, e ficava metade do tempo jogando Pokémon no computador. Não foi do jeito correto? Não foi, mas aquilo me mostrou que eu podia ter outros caminhos de aprendizado e de desenvolvimento. Se naquela época tivesse tido um cara e falado assim “nossa, olha que interessante você conseguiu entender o sistema que você estava digitando, você mudou a configuração, você já pensou em trabalhar com desenvolvimento, ser programador?”

Se eu tivesse alguém para ser essa ponte, nossa, minha trajetória teria sido totalmente diferente, talvez eu estivesse em espaços como o a ACATE antes dos trinta e poucos, eu vim aqui a primeira vez, eu tinha 33. Eu cheguei aqui “nossa!”, e não só aqui, outros espaços. Isso é um ponto importante, a gente bate muito no Prototipando, que o espaço também é espaço educativo, por que é importante trazer jovens do Prototipando para lugares como esse?

Porque a primeira vez que eles entraram aqui, você fica assim “o que estou fazendo, não é ambiente tradicional”. Na quarta vez que eles estão aqui eles já entram, já pegam o café, já trocam uma ideia com todo mundo.

Então, quando a gente fala de espaços de aprendizado, a gente tem que pensar nisso, dentro da minha rede, quais são os espaços que eu posso acessar para conseguir continuar me desenvolvendo, eu acho que esse é um ponto importante a gente trazer também.

[00:32:18]
André: Legal, legal. E para a gente caminhar para o encerramento do nosso papo Marcel, eu queria que você falasse um pouco, a gente está promovendo essa iniciativa aqui do evento, do Inside Alana Experience, esse papo sobre o empreendedorismo como um agente de transformação, e eu queria que você trouxesse um pouco, como startup, a intenção principal, está acontecendo ali atrás uma oficina de AI, uma oficina de startup para eles fazerem um exercício que daqui a pouco eles vão vir aqui nesse mesmo palco apresentar o que eles produziram durante o dia para a gente promover ali uma festa, uma comemoração, uma premiação, inclusive, mas eu queria que você falasse um pouco também Marcel, dessa intenção, como você imagina, como não só como o empreendedor, mas como a Alana, como agente de transformação, porque, você já, como empreendedor, já tem um impacto não só na vida de nós colaboradores, que fazemos parte do time da Alana, mas agora com uma startup, como uma Scale Up, com certo impacto no ecossistema, no mercado e agora expandindo, não são internacionalmente, mas agora aqui em Santa Catarina, passa a ter um papel de transformadora. Queria entender qual que é a  sua visão para isso, porque foi o que motivou a gente realizar esse tipo de evento.

[00:33:33] Marcel: Entendi. Qualquer empreendedor, e a gente não pode se iludir, a Alana é uma empresa, tem motivo, tem um motivo egoísta, o motivo não é egoísta, vamos dizer assim, o motivo egoísta: existe um déficit de mercado de trabalho qualificado, especialmente na área técnica, e se nós ficarmos esperando 5 anos um engenheiro de software para aprender a programar, as empresas de tecnologia no Brasil nunca vão ser desenvolvidas, então o jovem hoje que ele não nem acessa ao mercado de trabalho, que especificamente de periferia, ou vai cessar para funções, eu já fui telemarketing, então eu posso falar para as funções que tem que ser entre meia contratado, então tem que pagar a conta e pelo menos consegue isso, então, a qualificação é fundamental para startups, para Scale Ups funcionarem no Brasil.

Isso é um, existe uma massa crítica de pessoas jovens, disponíveis, com meio de acesso à informação desde quinze elas concordam, eu tive o meu primeiro computador, comprei por 15 anos, então estão muito mais avançados do que eu fui na minha idade, então tem uma questão egoísta, eu gosto de provocar o egoísmo no empresário, então é uma boa ideia, é um bom negócio. Então as startups Scale Ups poderiam fazer mais, porque é do interesse delas formar esse jovem desde ali e trabalhar isso, foi muito feito na Índia.

A Índia não é um baita sistema educacional incrível que a Microsoft adora ir lá e contratar da faculdade, esse cara ele importa para os Estados Unidos, mas eles foram lá e criaram instituições de ensino muito forte para gerar de 200 mil pessoas para trabalharem para eles, e a Índia poderia suportar isso, e é por isso que eles fizeram o investimento massivo, por exemplo.

Então o egoísta é do nosso interesse desenvolver um jovem porque o talento no Brasil não está disponível. Então é bobagem a gente achar que num país que está com mais 50 milhões de pessoas sem carteira assinada, você, todos os 50 milhões não prestam para o mercado de trabalho?

A gente tem que repensar o próprio ecossistema, então isso é uma oportunidade grande. A segunda que é o que a ENDEAVOR, eu acho que a gente está participando agora do programa da ENDEAVOR, a ENDEAVOR fala muito que é devolver de volta, então Alana recebeu obviamente apoios, eu recebi apoios durante a minha vida, durante minha carreira, e a ENDEAVOR tem muito essa tese, eu compartilho disso, se você tem a oportunidade de devolver para o ecossistema, devolve, de alguma forma isso vai impactar. Eu não sou muito da linha da primeira “nossa, eu vou gastar milhões para formar escolas”, não é minha área de atuação, como empresa eu apoiar o máximo que eu puder ali, mas eu faço muito pela segunda, porque como empresa é curioso.

Recentemente, uma startup que tem 2 milhões de dólares vai lá e monta um programa para qualificar 50 jovens, legal, legal. Conhecendo o ecossistema e como funciona, ela poderia estar qualificando 5 mil jovens, então tem um ponto assim do conto que se é piar versus o quanto que se pratica,  no meu caso especificamente, meu interesse com Alana é: a gente poderia fazer isso, então por que não fazer?

Porque para mim a omissão é pior que o erro, então vem muito do meu próprio ser a questão de, “estou vendo aqui”, e é bem curioso, a gente conheceu o Jeff, no primeiro dia que eu vim aqui no escritório foi, eu acredito muito em alguns encontros que acontecem, então seria um pouco estúpido da minha parte ignorar uma oportunidade que surgiu de ter uma troca. Então como ecossistema, eu acredito que as empresas precisam fazer muito mais, a própria tese de outros negócios que eu tive no passado, era que se as empresas quisessem mover o mundo na direção certa, elas moveriam, elas tem mais força, na minha visão, do que os próprios governos.

Então, da nossa questão de devolver para o ecossistema, na minha visão é muito importante, pois existem programas de estágio, o programa de estágio da Alana é um ótimo exemplo, por acaso a gente conseguiu estagiários fora da curva e eles entregam valor, mas quando  eu aprovei o programa de estágio eu estava esperando um ano, dois anos sem nenhuma entregável tangível, porque o estágio não é mão de obra barata, como é utilizado geralmente no Brasil, então o estágio para a gente foram pessoas que a gente contratou a fundo perdido, a sei lá, contrata aí e vem aprender, talvez daqui um, dois anos eles vão fazer um trabalho relevante, por acaso, por serem pessoas fora da curva, eles conseguiram fazer um trabalho relevante desde o primeiro semestre, e certamente é interessante, mas é o ponto, cara quando a gente tem oportunidade, a Alana é muito pequena ainda, comparada a outras startups aqui na ACATE, comparado ao ecossistema de Florianópolis, se Alana que é tão pequena, consegue fazer esse tipo de devolver para o ecossistema, imagina se outras de fato, engajassem e fizessem na prática, que é a provocação que a gente sempre fala, no LinkedIn todo mundo é muito legal, o tapinha nas costas é importante até um certo ponto, mas acho que a gente pode ir muito além e é por isso que a gente está se engajando nesse tipo de iniciativa.

[00:38:35]
André: Legal, obrigada Marcel, e aí Jeff, para a gente já ir caminhando para esse encerramento, eu queria que você desse umas últimas palavras aí, mas falando com quem está assistindo e falando mais com, como conhecer um pouco melhor do trabalho de vocês, acho que você já divulgou também, mas uma palavra para o jovem de quebrada como você.

[00:38:53]
Jeff: Cara, eu queria primeiro agradecer vocês da Alana, Marcel muito obrigado, porque a gente literalmente invadiu, não, invadimos não, a gente pediu para entrar no escritório de vocês, estava começando, a Laís nos recebeu de braços abertos, tu estava chegando assim, “meu Deus, quem são essas pessoas?”

E foi muito legal, porque foi uma visitação que a gente fez, via ACATE para o espaço e surgiu das conversas a possibilidade da gente fazer esse movimento, de trazer os jovens para vivenciar essa experiência de imersão. Tem um ponto que eu acho importante que Marcel traz, daí eu vou trazer um pouco sobre a expertise do Prototipando, tem muito menino e menina incrível na quebrada, tem muita gente potente que é desenrolado, o moleque que entra no trem e vende para você que está cansado, um pacotinho de bala, esse cara é gênio mano, tá ligado?

E um ponto importante que eu acho, e isso é quando a gente começa os pitches de apresentação do Prototipando para as empresas, é: a gente sabe que a gente está contribuindo para transformar a realidade, não só da periferia, têm a transformação da periferia que é o nosso cerne, mas a gente sabe que a gente contribui para a transformação de um mercado que tem uma defasagem muito grande e com a pandemia ficou pior, muito bem vocês sabem disso, faltam profissionais, e a gente sabe, e a missão do Prototipando é: por que não trazer essa galera que é tão incrível para um espaço que é transformador e que pode transformar a realidade da sua quebrada?

Não quero, eu quero que os nossos meninos e meninas venham trabalhar nas empresas, mas daqui 10 anos eu quero que eles fundem as startups, que eles transformem essa realidade. É um movimento, é um ciclo. Para quem quiser saber um pouco mais sobre o Prototipando, vocês podem seguir a gente nas redes sociais, é sempre Prototipando a Quebrada não tem erro, não tem ponto org arroba, é legal porque as pessoas conhecem nosso trabalho, nosso trabalho muito sério, para mim isso aqui é missão, eu nasci para fazer isso, eu falava isso para a minha companheira de como eu demorei bastante tempo para entender que isso aqui era que eu queria fazer para transformar.

Eu sou educador há muito tempo, mas está trazendo pessoal para um espaço como esse, com qualidade é muito importante. Então, essa é a dica, eu acho que a gente tem que qualificar os espaços para receber essa galera também e naturalizar, e como você bem trouxe, por que não transformar o Brasil, que é incrível? A gente quando vai para fora, eu também fui para fora velho, a gente vai para fora, você não fala “cara, Você são geniais!” Tem uma coisa assim, a gambiarra brasileira, tá ligado? A gente desenrola, e porque não potencializar isso?

O Brasil pode ser a maior potência de formação de criativos para o universo de inovação e tecnologia, e a gente faz parte dessa transformação. O Prototipando se coloca dentro desse cenário, se você é menino de quebrada, esse espaço também é para você, a gente tem que estar, ocupar e apresentar o que a gente faz de bom.

[00:42:02]
André: Valeu Jeff, obrigado mesmo, obrigado, Marcel! Se vocês quiserem continuar acompanhando esse tipo de conteúdo que a gente vai estar compartilhando nas nossas redes sociais e nos canais da Alana, vamos continuar aqui no Inside Alana Experience para mais alguns papos, fireside chats como esse. Obrigado Marcel pela sua participação, obrigado Jeff [...]

Jeff: Obrigado!

André: obrigado a você que está assistindo. E até o próximo vídeo!

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