#08 AI & Humanos pela Educação
Olá, sejam bem-vindos a mais um episódio do Inside Alana Podcast. Eu sou André Calvente, Marketing Manager da Alana AI. Nos cinco episódios desta nova temporada, nós vamos falar sobre como diferentes setores estão usando a inteligência artificial como aliada do trabalho humano, e como isso está impactando a jornada do consumidor e os negócios em cada um deles. Então, sejam bem-vindos!
Neste episódio, vamos conversar sobre o setor de educação e sobre como a Inteligência Artificial está transformando a experiência de alunos e professores.
A gente sabe que o processo de aprendizagem é altamente relacional e que as interações e trocas humanas contam muito nesse processo. Por outro lado, nós vemos também movimentos como o crescimento do uso de dados para fins educacionais e do ensino à distância, que já eram uma tendência e agora foram acelerados pela pandemia. Com isso, a jornada de aprendizado fica cada vez mais tecnológica, né?
Mas onde entra a inteligência artificial nisso tudo?
Muita gente não sabe, mas a Inteligência Artificial vem sendo usada na criação de sistemas inteligentes que captam informações sobre os alunos e são capazes de utilizá-las para personalizar o processo de aprendizagem, criando trilhas de conteúdo e exercícios personalizados, customizados, de acordo com os interesses e o desempenho individual dos alunos.
Isso é muito interessante! Até porque hoje em dia são muitos os ambientes digitais de aprendizagem, e a maioria das instituições de ensino vêm buscando mesclar metodologias de aprendizado presencial com o digital. Com isso, muitos dados são gerados e fica muito mais fácil, por exemplo, disponibilizar para sistemas inteligentes informações como listas de conteúdos acessados pelos alunos, a frequência de participação das aulas, respostas em exercícios, entre outros dados.
Esse tipo de informação favorece a criação de sistemas de AI para educação e pode até mudar a forma como entendemos o processo de aprendizado. Temos o exemplo da empresa britânica de educação, a Pearson, que fez um estudo chamado Intelligence Unleashed, que fala exatamente sobre inteligência artificial aplicada à educação.
Um dos argumentos da pesquisa é que o conhecimento é algo às vezes subjetivo e implícito, difícil de mapear do início ao fim. O que a inteligência artificial pode fazer é tornar o conhecimento computacionalmente preciso e explícito. E, mais do que isso, pode ajudar a abrir a “caixa preta do conhecimento”, ajudando pesquisadores de pedagogia a ter uma compreensão mais refinada de como o aprendizado realmente acontece.
E é pensando nesse mercado relativamente inexplorado que muitas startups estão investindo em Inteligência Artificial para educação. Essas empresas estão dentro da categoria que chamamos de EdTechs, que são empresas que estão usando tecnologias emergentes para esse setor.
A gente tem até alguns bons representantes brasileiros nesse nicho. Uma das soluções brasileiras que usa Inteligência Artificial para educação é a Geekie One, da startup Geekie, que é uma plataforma virtual onde alunos acessam atividades indicadas pelos professores, eles podem acompanhar seu próprio desempenho e classificar os conteúdos de acordo com o grau de dificuldade.
A partir disso, o sistema identifica, via algoritmos de machine learning, o quanto o aluno entendeu de cada matéria, e indica quais aulas ele deve assistir para sanar suas dúvidas. Na outra ponta, nós temos os professores e coordenadores que recebem gráficos indicando o nível de entendimento da turma e principais falhas. Esse sistema já é utilizado por algumas escolas públicas e pelo Sesi, inclusive.
Muito legal já termos cases brasileiros relevantes nessa área, né? Mas existem também alguns casos globais. Na Califórnia, a escola AltSchool também usa uma plataforma adaptada de ensino para cada aluno, usando machine learning para indicar uma espécie de playlist de aulas, textos e provas baseadas nas preferências e deficiências dos seus alunos.
No Reino Unido, outra empresa, a Third Space Learning, fez uma parceria com a Universidade College London para analisar milhares de aulas de matemática e adaptar tutoriais para cada criança com base em aulas prévias que tiveram. Pensando em mais um case para citar, pra fechar, outro exemplo legal é a prefeitura de Nova York, que está apostando em um sistema de aprendizado inteligente desde 2011, o iLearn NYC, que já atendeu a mais de 1 milhão de alunos da rede pública.
Tá, e aí você me pergunta: o que todos esses cases têm em comum? É a ideia de que a AI pode ser uma aliada dos professores, e não uma substituição absoluta. Afinal, as máquinas não podem preencher totalmente o papel dos professores, pois só eles conseguem entender a reação emocional dos alunos a uma determinada disciplina, por exemplo, e ter o tato necessário para lidar com questões subjetivas, como o contexto educacional de cada aluno e conflitos entre estudantes.
A tecnologia não dispensa o professor, mas o que muda com a ajuda da AI é que ele deixa de ser o dono do conhecimento e passa a ser um mediador e curador desse conhecimento, responsável por planejar as aulas, organizar as dinâmicas individuais e atividades em grupo e entender as necessidades e perfis dos alunos. É quase como se o professor virasse um gerente de projetos e guia na jornada do aprendizado, sabe?
Se a gente pensar em nível mais macro, a inteligência artificial pode ajudar a tapar alguns gargalos no ecossistema de educação. Para se ter ideia, a Unesco estima que exista um déficit mundial de 69 milhões de professores no mundo todo, é isso mesmo! E a AI pode otimizar o trabalho de instituições educacionais e professores - economizando tempo de planejamento, correção de testes, e até oferecendo uma jornada de educação guiada quando o professor não puder estar presente.
Mas, como tudo na vida, existem também alguns riscos. O primeiro é o da exclusão digital, já que muitos estudantes não têm acesso a internet e pacote de dados que permitam essa jornada digitalizada. Nesse cenário, pode ser que o aprendizado apoiado por AI aumente ainda mais as desigualdades educacionais. Outro desafio é renovar as metodologias de formação de professores, já que eles terão que ser capazes de usar a AI a seu favor para melhorar os resultados da sala de aula e no EaD.
Mas também, por outro lado, a Inteligência Artificial aplicada à educação também pode ser uma ferramenta de acessibilidade, deixando o ensino mais fácil para alguns grupos. Um exemplo interessante nesse sentido no Brasil é a startup Hand Talk, que usa inteligência artificial para traduzir o português para a língua brasileira de sinais. Eles têm também um aplicativo de processamento de linguagem natural (NLP) que traduz conteúdos em texto e voz automaticamente para libras, além de oferecer um dicionário para sinais que pode ser usado por estudante surdos.
Isso é realmente muito legal! E pensando na questão educacional que a gente trouxe, a inteligência artificial nos ajudará a responder ao desafio social da automação de tarefas e profissões. Como os humanos vivem e trabalham ao lado de máquinas cada vez mais inteligentes, nossos sistemas de educação também precisarão se reinventar para dar conta das transformações no mercado de trabalho.
Com isso, se fala muito da ideia de longlife learning, em que as pessoas terão que estudar pela vida toda, e é muito interessante pensar que podem haver sistemas inteligentes para medir nossa aprendizagem ao longo da vida e moldar a nossa experiência de aprendizagem em tempo real. A verdade é que, ao conhecer os alunos em profundidade e suas características individuais, a Inteligência Artificial pode acompanhar e apoiar os alunos em seus estudos dentro e fora da escola, e ao longo da vida toda.
É assim que a AI vai fazer com que a educação seja cada vez mais oferecida em um modelo “self-service”, onde cada aluno pode escolher exercícios, disciplinas e métodos de aprendizado de acordo com as suas necessidades individuais ao longo da vida.
Ok, mas não está tão longe de isso acontecer. E esse processo de personalização da educação com AI vai acontecer nos mais diversos níveis educacionais, e pode inclusive impactar o modelo de negócio das empresas de educação.
Agora, eu acho legal a gente fechar esse episódio com um último exemplo, vou citar o sistema inteligente da escola de negócios Saint Paul, que criou um sistema educacional por assinatura, como se fosse uma Netflix, para cursos à distância de MBA, pós-graduações e especializações.
Da mesma forma como os algoritmos da Netflix traçam a personalidade do usuário para oferecer sugestões de conteúdos, dos filmes que você gosta ou gostaria de assistir, o sistema da Saint Paul traça a personalidade do aluno para indicar os melhores cursos para o seu perfil. É um modelo de oferta de cursos ilimitados que tem sido cada vez mais usado, onde quanto mais o aluno estuda e consome a plataforma, mais a inteligência artificial aprende e melhores são as recomendações.
Falando nisso, eu acho que já quero acesso à um serviço desses, hein? Bom, parece que o ecossistema de educação do futuro vai ter bastante inteligência artificial envolvida. O estudo da Pearson sugere que esse mercado vai ser parecido com o de aplicativos de smartphone: vão haver centenas de ofertas de serviços inteligentes de educação integrados, desenvolvidos em colaboração com educadores e em conformidade com padrões de dados internacionais. A ideia é que empresas de tecnologia e educação colaborem para analisar esses dados e assim aprender mais sobre como humanos aprendem.
Aliás, nós falamos sobre como é o processo de aprendizado humano e de máquina no episódio 2 do Inside Alana Podcast. Além disso, nossa websérie sobre customer care com a influenciadora Patrícia Meirelles, lá no YouTube, tem um episódio específico sobre jornada do cliente no mercado de educação, com o Daniel Castanho, fundador do Grupo Ânima de Educação. Eu vou deixar essas indicações na descrição desse podcast para quem quiser conferir, beleza?
É isso aí! Já estamos chegando ao final do nosso podcast, e dessa vez vimos que a inteligência artificial tem tudo para mudar a forma como aprendemos e ensinamos. E esperamos que você, que ouviu nosso episódio até o final, tenha aprendido um pouco com a gente.
Obrigado por acompanhar esse episódio! Se você gostou, compartilhe com seus amigos e colegas de trabalho. Se quer saber mais sobre o universo da Inteligência Artificial, acesse nosso blog e baixe nosso e-Book sobre o tema. E continue acompanhando o Inside Alana Podcast.
Se eu fosse você, eu dava play no próximo episódio. Obrigado e até a próxima!